30 de out. de 2009

O SILÊNCIO



Nós os índios, conhecemos o silêncio.
Não temos medo dele.
Na verdade, para nós ele é mais poderoso do que as palavras.

Nossos ancestrais foram educados nas maneiras do silêncio e eles
nos transmitiram esse conhecimento.

"Observa, escuta, e logo atua", nos diziam.

Esta é a maneira correta de viver.

Observa os animais para ver como cuidam se seus filhotes.

Observa os anciões para ver como se comportam.

Observa o homem branco para ver o que querem.

Sempre observa primeiro, com o coração e a mente quietos, e então aprenderás.

Quanto tiveres observado o suficiente, então poderás atuar.

Com vocês, brancos, é ao contrário.

Vocês aprendem falando.

Dão prêmios às crianças que falam mais na escola.

Em suas festas, todos tratam de falar.

No trabalho estão sempre tendo reuniões nas quais todos interrompem a todos, e todos falam cinco, dez, cem vezes.

E chamam isso de "resolver um problema".

Quando estão numa habitação e há silêncio, ficam nervosos.

Precisam preencher o espaço com sons.

Então, falam compulsivamente, mesmo antes de saber o que vão dizer.

Vocês gostam de discutir.

Nem sequer permitem que o outro termine uma frase.

Sempre interrompem.

Para nós isso é muito desrespeitoso e muito estúpido, inclusive.

Se começas a falar, eu não vou te interromper.

Te escutarei.

Talvez deixe de escutá-lo se não gostar do que estás dizendo.

Mas não vou interromper-te.

Quando terminares, tomarei minha decisão sobre o que disseste, mas não te direi se não estou de acordo, a menos que seja importante.

Do contrário, simplesmente ficarei calado e me afastarei.

Terás dito o que preciso saber.

Não há mais nada a dizer.

Mas isso não é suficiente para a maioria de vocês.

Deveríamos pensar nas suas palavras como se fossem sementes.

Deveriam plantá-las, e permiti-las crescer em silêncio.

Nossos ancestrais nos ensinaram que a terra está sempre nos falando, e que devemos ficar em silêncio para escutá-la.

Existem muitas vozes além das nossas.

Muitas vozes.

Só vamos escutá-las em silêncio.

AS DECEPÇÕES E A BONDADE DIVINA


AS DECEPÇÕES E A BONDADE DIVINA

“A felicidade não é deste Mundo” constitui uma citação bastante conhecida.

Ela corresponde a uma realidade, pois raramente no Mundo se conjuga tudo o que se acha necessário para alguém ser perfeitamente feliz.

Saúde, mocidade, beleza e dinheiro entram nessa equação.

Contudo, mesmo na presença de tais fatores objetivos, muitas vezes a criatura padece de tormentos íntimos.

Vêem-se com freqüência seres aparentemente privilegiados a reclamar da vida.

Consultórios de psicólogos e psiquiatras também são freqüentados por aqueles a quem se imaginaria felizes e saciados.

Mas a ampla maioria dos seres humanos debate-se com inúmeros problemas.

Nos mais variados planos da existência, os dramas se sucedem.

Dificuldades financeiras, de relacionamento ou de saúde clamam por atenção.

Perante as naturais decepções do Mundo, por vezes as criaturas se rebelam.

Quando alcançadas por experiências dilacerantes, imaginam-se abandonadas por Deus.

Esse modo de sentir revela uma compreensão muito restrita da vida.

Ele até seria razoável, caso tudo se esgotasse em uma única existência material.

Perante a vida que segue pujante além do túmulo, os problemas materiais diminuem de importância.

Em face desse amplo contexto, dificuldades não são tragédias, mas simples desafios.

Em cada homem reside um Anjo em perspectiva.

Ele é brindado com as experiências necessárias para atingir o seu augusto potencial.

As dores, por maiores que sejam, sempre passam.

Mesmo uma enfermidade incurável tem o seu término.

Após a morte do corpo físico, o Espírito prossegue sua jornada.

Se conseguiu passar com dignidade pelo teste, ressurge mais forte e virtuoso.

Caso tenha se permitido reclamações e revoltas, terá de refazer a lição.

Convém ter isso em mente ao enfrentar as crises da vida.

Deus é um Pai amoroso e bom.

Ele não Se rejubila em torturar Suas criaturas.

As dores do Mundo têm finalidades transcendentes.

A maioria é providenciada pelos próprios homens, com suas paixões e equívocos.

Todas elas constituem desafios.

Ninguém deve acalentar o masoquismo e se rejubilar em sofrer.

É preciso lutar para sair de todas as dificuldades e recuperar o bem-estar.

Mas em face de situações inelutáveis, quando nada se pode fazer, é necessário pensar na bondade Divina.

Ela não se revela apenas quando tudo parece estar sob um céu azul, nas mesas fartas e nos sorrisos radiantes.

A bondade de Deus também se manifesta no sofrimento que torna o homem mais apto a compreender a dor do semelhante.

Ela está presente nas situações constrangedoras que minam o orgulho, a vaidade e a indiferença.

A vida na Terra é passageira e se destina ao burilamento do ser.

O viver terreno propicia resgate de equívocos do pretérito e preparação para etapas sublimes do existir imortal.

Em um mundo material e ainda bastante inferior, os entrechoques e as decepções são inevitáveis.

Apenas uma fé viva na bondade Divina permite que o homem preserve seu coração livre de amargura.

Pense nisso.